A Igreja de S. Francisco de Assis, localizada na rua Borges Lagoa n° 1.209, foi surgindo, pouco a pouco, com a ajuda da comunidade que doou bancos, imagens e até o sino, que conclamava os fiéis para os atos de fé.
Conforme consta no livro do Tombo da Igreja, sua inauguração oficial se deu a 29 de junho de 1941” quando foi empossado o primeiro vigário, o frei Afonso Turges. “(…) que com sua bondade personificada e espírito religioso a dirigiu até seu afastamento por motivo de moléstia grave, fato esse verificado em fins do mesmo ano (1941).” (43)
A gestão de frei Afonso foi muito dinâmica à frente da paróquia que começava a nascer. No período em que esteve como vigário criou a Pia União das Filhas de Maria e o Apostolado da Oração, bem como conseguiu muitas doações para a capela.
“Pelo seu trabalho piedoso obteve por doação da família Nogueira de Sá o sino da Igreja. Por uma subscrição entre seus paroquianos foram adquiridos 24 bancos para a Matriz. Por doações espontâneas foram introduzidas na Igreja as seguintes imagens: São Francisco de Assis, Santo Antonio de Pádua e Nossa Senhora de Fátima”. (44)
Quando a paróquia começava a ser conhecida, desenvolvendo-se com a solidariedade da comunidade, “frei Afonso foi acometido de moléstia grave que obrigou o seu afastamento por tempo indeterminado fato esse que causou pesar no seio dos seus paroquianos”. (45) Para substituir frei Afonso Turges foi designado o vigário frei Honório Nacke, “pastor esclarecido e de grande talento, cheio de piedade religiosa, vitalizando as associações paroquiais”. (46)
Coube ao frei Honório, em 1942, fundar o Externato São Francisco de Assis, em uma construção, adaptada e cedida pelo paroquiano Abílio Araujo Vieira, “em ato de bondade e de convicção religiosa”, (47) que também cedeu a casa paroquial.
O Externato São Francisco de Assis funcionou quase por 40 anos, ministrando o primário e o jardim de infância para as crianças do bairro. A paróquia foi recebendo melhoramentos no correr dos anos. Possui amplo salão, onde são feitos bazares beneficentes e conta com um serviço de prestação de apoio social, ajudando os paroquianos carentes.
(43) a (47) do Livro de Tombo de Igreja São Francisco de Assis
Crônica retirada do livro Vila Clementino – História dos Bairros de São Paulo
Autor: Danilo Agrimani
CRONOLOGIA
1941 – Ano em que tudo começou
Por decisão de Dom José Gaspar da Fonseca e Silva, foi criada a Paróquia de São Francisco de Assis, no bairro da Vila Clementino, tendo como limites a Rua Sena Madureira, Napoleão de Barros, Luis Góis, Indianópolis, França Pinto, e Tangará.
O terreno escolhido era na rua Borges Lagoa. Transformaram o prédio particular da Família Cruz em igreja provisória, sendo inaugurada no dia 29 de junho de 1941 – Festa de São Pedro e São Paulo. O primeiro pároco foi Frei Afonso Junges, OFM, que ficou apenas três meses, adoecendo depois e voltando para o convento. Teve como auxiliar Frei Honório Nacke, que também era capelão do Hospital São Paulo, professor da Escola de Enfermagem e da Escola Paulista de Medicina, na matéria de Ética Profissional, Psicologia e Religião.
Eram poucos os que freqüentavam a missa. Os frades residiam no convento do Largo São Francisco e viajavam de bonde ou de ônibus todos os dias. Para evitar essas penosas viagens, o Sr. Abílio de Araújo Vieira doou uma casa aos freis. A casa foi divida em três salas para funcionamento das atividades paroquiais. No início de 1942 chegou Frei Efrém Morosek, que se encarregou da assistência aos doentes do Hospital São Paulo e era também porteiro do convento. A Residência Franciscana foi então oficialmente erigida no dia 24 de agosto de 1942, sendo Frei Honório Nacke o primeiro guardião. Convento simples, sem móveis nem cozinha, início pobre porém alegre e cheio de esperança.
O Diretor da Escola Paulista de Medicina, Dr. Guimarães Filho ofereceu nesse dia aos frades o almoço e o jantar.
A pedra fundamental da Matriz
1948 – fevereiro – Toma posse como pároco e guardião Frei Felisberto Imhorst que será o construtor da atual Igreja Matriz.
1949 – 5 de junho – Frei Felisberto faz a bênção da pedra fundamental da nova Igreja Matriz. Esteve presente nesse dia Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Cardeal Arcebispo de São Paulo. Chovia torrencialmente.
1951 – 1º de março – Iniciados os trabalhos da construção, os primeiros tijolos são dos dois porões, embaixo da sacristia.
1957 – maio – Finda a construção da primeira torre. Houve a bênção da cruz (de 2,60 metros de altura) que em seguida foi amarrada e levada ao cume da torre.
As imagens do Coração de Jesus e São Francisco
1957 – junho – Bênção da imagem do Sagrado Coração de Jesus, esculpida em madeira (2 metros de altura) pelo artista Joaquim de Souza, do rio de Janeiro, oferecida pelo Sr. José Augusto Mattos. Também se colocou o altar de mármore, oferecido pelo Sr. Manoel Carvalho.
1957 – 6 de outubro – Benção solene e entronização da imagem de São Francisco de Assis, que tem 3 metros de altura (com a Cruz, 4,30 m) A imagem foi feita no Liceu de Artes e Ofícios e doada pelo Sr. Mario Aguiar de Abreu.
1957 – 2 de novembro – Mesmo inacabada, a nova Matriz foi abençoada e inaugurada oficialmente por Dom Paulo Rolim Loureiro, em visita pastoral à Paróquia. A Matriz só estaria completamente acabada em dezembro de 1961.
1958 – 9 de março – Bênção da 2ª torre, e também bênção da Cruz.
Santo Antônio, os Mártires de Nagasaki, São Benedito e a Pietá
1958 – 13 de junho – Bênção solene da imagem de São Antônio, trazida de Portugal, feita pelo escultor Tedim, oferta do Sr. Julio Eça e Sra. Também este casal ofereceu, em 1959 (15 de agosto) a imagem de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal.
1958 – 30 de novembro – foi solenemente inaugurado o altar dos 26 mártires japoneses de Nagasaki. A missa e a bênção do altar foram feitas por Frei Bonifácio Dux, ofm, missionário da Colônia Japonesa. A partir desta data começam as missas em japonês.
1961 – 20 de agosto – foi realizada a bênção da imagem de São Benedito, esculpida em madeira, oferecida pelo Sr. Sant’Ana. E em 1963 – 24 de março – foi a bênção da imagem de Nossa Senhora da Piedade.
Os sinos e a Casa Paroquial
1960 – Foram encomendados na “Fundição Artística Paulistana”(Rua Abílio Soares, 549) três sinos. Na mesma época foram comprados os motores. No dia 18 de junho de 1961 houve a bênção dos sinos, sendo o maior, dedicado a São Francisco, o segundo a Nossa Senhora de Fátima, e o terceiro a Santo Antônio.
1960 – 17 de maio – saiu o alvará para a construção da Casa Paroquial, com dois pisos, que estaria pronta em dezembro de 1962. Frei Felisberto continuou morando na casinha antiga e só se mudou para a casa nova na Páscoa de 1964. Esta casa foi demolida para dar lugar ao novo prédio.