Muitos religiosos e, atualmente, alguns cientistas tem dedicado muito trabalho para tentar identificar as necessidades espirituais mais prementes para quem deseja uma boa saúde. As listas são extensas e com certeza complementares em muitos aspectos. Ao lê-las não surpreende encontrar figurinhas conhecidas e repetidas. Destacam-se três: perdão, amor e propósito.
O perdão, primeira delas, é o antídoto ao ressentimento. O ressentimento é um importante impedimento ao desenvolvimento pessoal como um todo, incluindo da própria espiritualidade. Revivendo e ruminando velhos sentimentos, o indivíduo dificilmente encontra espaço para novas experiências afetivas e espirituais, pois permanece preso a velhos esquemas de ódio e de orgulho. Perdoar é uma atitude positiva e que abre caminho para que o amor possa agir e construir novas relações.
Amor é, por ele mesmo, necessário. Para alguns é a própria definição de Deus, pois está no campo semântico de tudo o que se considera nobre e valioso. O amor entre os esposos, entre pais e filhos, entre amigos, entre o Deus e o homem, enfim o amor é esse vínculo que tudo une, tudo exulta e tudo celebra. Não é à toa que no adoecer torna-se quase que uma necessidade vital e isso desde a infância. Qual não é a criança que quando com febre não busca o carinho e aconchego dos pais. Já para os que viram mais primaveras, a busca de amor é mais tortuosa e complexa, mas igualmente importante.
A terceira necessidade espiritual é o propósito. É por meio da espiritualidade que se encontra o sentido último da existência, os valores e as crenças que embasam o próprio ser. Quantos hoje não vivem sem nenhum sentido para a própria caminhada, mergulhados em superficialidades e vaidades, que nada acrescentam nem para si e nem para os demais.
Perdão, amor e propósito, uma receita simples para a vida espiritual em um tempo de muito ter e pouco ser.
Felipe Moraes Toledo Pereira
Médico Oncologista
Colaborador da Evangelização com Adultos da Paróquia São Francisco de Assis.
Teologia pelo CTAP e Professor da Escola Catequética da Arquidiocese de São Paulo