Paróquia São Francisco de Assis

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“com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”

Outubro: Um Chamado à Missão e à Solidariedade

O mês de outubro é especialmente significativo para a Igreja Católica no Brasil, pois é o Mês Missionário.

Durante esse período, somos convidados a refletir acerca da importância da missão em nossas vidas e na sociedade. É uma oportunidade para renovar nosso compromisso com a evangelização, lembrando que todos somos chamados a ser missionários, levando a mensagem do Evangelho aos quatro cantos do mundo.

A missão não se limita apenas àquelas pessoas que deixam suas casas para ir a lugares distantes; ela também se manifesta em nossas ações cotidianas. Em cada gesto de amor, em cada palavra de conforto, em cada ato de solidariedade, estamos vivendo a missão de Cristo. O Papa Francisco, em suas mensagens, frequentemente nos lembra da urgência de sermos “uma Igreja em saída”, que não se fecha em si mesma, mas que busca ativamente aqueles que estão longe da fé, do amor e da esperança.

Neste mês, somos chamados a olhar para nossas casas e nos perguntar: como podemos ser agentes de mudança? Como podemos promover a justiça social e a paz? É um convite para nos engajarmos em ações concretas, como campanhas de arrecadação, voluntariado e apoio a iniciativas que visem o bem comum. Ao nos unirmos em torno dessa missão, nos tornamos instrumentos de Deus na transformação do mundo.

 

São Francisco de Assis: Modelo do Missionário

No contexto do Mês Missionário, a figura de São Francisco de Assis, nosso padroeiro, ganha destaque. O santo, que viveu no século XIII, é conhecido por seu amor à natureza, sua simplicidade e seu profundo compromisso com o Evangelho. Francisco é um exemplo de como a vida missionária deve ser vivida. Ele se despediu das riquezas e dos bens materiais para se dedicar à pregação e ao cuidado dos pobres e marginalizados.

São Francisco nos ensina que a missão deve ser vivida com humildade e compaixão.

Ele não apenas pregava o amor de Deus, mas o vivia em sua essência. Por meio de sua vida, aprendemos que o missionário deve ser, acima de tudo, um servidor. Ele nos mostra que a missão vai além das palavras; é um chamado à ação. Ao se relacionar com os animais e com a natureza, São Francisco nos convida a cuidar da criação e a respeitar todas as formas de vida, lembrando-nos de que somos todos parte da mesma família.

Neste mês, ao celebrarmos São Francisco, somos inspirados a seguir seu exemplo.

Que possamos abrir nossos corações e nossas mãos para aqueles que mais precisam, praticando a caridade e a solidariedade. Ao fazer isso, nos tornamos verdadeiros missionários no espírito de São Francisco, levando o amor de Cristo para aqueles que estão à nossa volta.

Nossa Senhora Aparecida: Mãe Missionária

Outro elemento importante em outubro é a celebração de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. A festa, celebrada no dia 12 de outubro, é um momento de grande devoção e fé para milhões de brasileiros. Nossa Senhora  Aparecida é reconhecida como uma mãe amorosa e protetora, que cuida de seus filhos e filhas com carinho e atenção.

Como Mãe Missionária, Nossa Senhora nos convida a sermos missionários em

nosso cotidiano. Ela nos ensina a importância da fé e da confiança em Deus, mesmo diante das adversidades. Em sua aparição, ela não apenas trouxe esperança ao povo, mas também os motivou a perseverar em suas lutas. Ao olharmos para sua imagem, somos lembrados de que podemos contar com sua intercessão em nossas vidas e de que ela sempre nos orienta em nossa jornada de fé.

Ao celebrarmos Nossa Senhora Aparecida neste mês missionário, somos convidados a renovar nosso compromisso com a evangelização. Que possamos, como ela, ser instrumentos da paz e do amor de Deus em nossas comunidades. Nossa Senhora nos inspira a acolher os necessitados, a ajudar os que sofrem e a levar esperança àqueles que se encontram desanimados.

 

A Palavra de Deus nos chama à Missão

As leituras do 27º domingo do tempo comum nos oferecem uma rica reflexão

sobre o amor, a unidade, e o chamado à missão, particularmente neste mês de outubro, dedicado à missão na Igreja.

Na primeira leitura do Gênesis (Gn 2,18-24), vemos a criação do ser humano como uma expressão do amor de Deus. Deus percebe que “não é bom que o homem esteja só” e, por isso, cria uma companhia, alguém que será uma extensão dele, sua “auxiliar”.

Essa imagem de unidade e comunhão nos lembra que o ser humano é chamado a viver em relacionamentos autênticos, seja no matrimônio, na amizade, na família ou na comunidade.

Em nossa vida diária, isso nos inspira a refletir sobre como estamos construindo

e nutrindo nossos relacionamentos. Estamos criando pontes ou barreiras? Estamos ajudando uns aos outros a crescer na fé e na esperança?

O Salmo 127 fala sobre a bênção de uma vida em que se teme o Senhor, um conceito que pode parecer distante, mas que, na verdade, é simples: viver no temor a Deus significa viver com reverência, respeito e amor ao Criador. Essa é a bênção que se reflete em cada detalhe de nossa vida – em nosso trabalho, na nossa família e até na maneira como nos dedicamos aos outros. Esse salmo nos chama a refletir sobre como estamos compartilhando essas bênçãos,especialmente em um contexto missionário, no qual nosso

papel é levar a palavra e o amor de Deus ao próximo.

Na Carta aos Hebreus (Hb 2,9-11), Paulo nos lembra de que Jesus se tornou

“pouco menor do que os anjos” para que pudesse se aproximar de nós. Ele compartilhou da nossa condição humana, conheceu as nossas dores e, por meio delas, nos trouxe a salvação. Jesus se torna nosso irmão e nos chama à missão de cuidar e santificar uns aos outros, vivendo essa irmandade, como irmãos e irmãs de todos. Isso significa que somos enviados a cuidar daqueles que ainda não conhecem esse amor, que precisam de uma palavra de conforto ou da nossa presença solidária.

Por fim, no Evangelho (Mc 10,2-16), Jesus nos ensina acerca da união, não apenas no casamento, mas também como comunidade cristã, mostrando que “o que Deus uniu, o homem não separe”. Em um mundo em que as divisões e os conflitos parecem prevalecer, essa mensagem nos desafia a ser construtores da paz e da unidade. Além disso, ao receber as crianças, Jesus nos lembra que o Reino dos Céus é para aqueles que se aproximam de Deus com simplicidade e confiança. No contexto missionário, somos chamados a abraçar essa atitude de entrega e simplicidade. Como podemos ser mais acolhedores,

especialmente para aqueles que se sentem à margem? Como podemos tornar nossa comunidade um espaço de paz, onde todos, especialmente os mais vulneráveis, se sintam amados?

Neste mês missionário, somos convidados a sair de nós mesmos, a abraçar as diferenças, a acolher as crianças de hoje – aqueles que ainda não conhecem o amor de Deus.

Que o nosso testemunho de vida, unido a Cristo, seja um sinal desse amor que é fiel e duradouro, que gera frutos e que nos leva a nos tornar uma só família, cuidando uns dos outros.

Outro ponto que a liturgia nos convida a refletir é acerca das prioridades da nossa

vida e a missão que Deus nos confia. A primeira leitura (Sb 7,7-11) do 28º domingo do tempo comum, nos mostra Salomão, que poderia ter tudo: riquezas, poder e sucesso. Mas, em sua oração, ele escolhe a sabedoria. Ele sabe que, com ela, é capaz de viver uma vida mais completa e em paz, independente do que possua. Salomão nos ensina que o que  realmente importa não é o que conseguimos acumular, mas o que levamos no coração:

valores, relacionamentos e uma vida guiada pelo amor e pela vontade de Deus.

O Evangelho (Mc 10,17-20) traz uma cena que muitos de nós podemos imaginar:

uma pessoa que tem tudo, mas sente que algo está faltando. Ela procura Jesus, querendo saber o que precisa fazer para viver plenamente e encontrar a vida eterna. Jesus a acolhe e a desafia a se desapegar dos bens materiais. Não porque sejam ruins em si, mas porque, muitas vezes, eles podem nos distrair ou nos dar a falsa sensação de que já temos tudo.

Quando isso acontece, o amor pelos outros e a generosidade acabam ficando de lado.

Para nós, isso também é um alerta. Estamos tão preocupados com nosso “ter” que, muitas vezes, esquecemos do nosso “ser”. Esse convite de Jesus nos leva a olhar para aquilo que estamos acumulando em nossa vida: não só bens materiais, mas também mágoas, medos e orgulho. Essas coisas podem nos pesar e talvez estejam nos impedindo de seguir o caminho do amor e da missão que Ele nos confia.

O salmo 89 eleva uma grande prece a Deus para que Ele nos ensine a “contar

nossos dias” e a nos saciar com Seu amor. Sabemos que a vida é curta e nossos dias são limitados, por isso precisamos de sabedoria para vivê-los plenamente, sempre dispostos a partilhar esse amor com os outros. A missão nos chama a viver para algo maior, ser luz e esperança na vida de outras pessoas, especialmente naquelas que enfrentam momentos de dor, solidão ou falta de sentido.

Ao celebrarmos este mês missionário, somos convidados a sair de nós mesmos e

a refletir: o que posso deixar de lado para seguir mais livremente o caminho de Jesus?

O que posso doar para fazer a diferença na vida de alguém? Que possamos nos desapegar daquilo que nos prende, abrir-nos à sabedoria divina e deixar que o amor de Deus nos preencha e nos conduza.

No 29º domingo do tempo comum, as leituras nos chamam a contemplar o serviço

e o sacrifício, temas que ressoam fortemente em nossa caminhada. O profeta Isaías (53,10-11) nos apresenta a imagem do servo sofredor, que aceita as dificuldades e o sofrimento para que outros possam alcançar a redenção. Esse  servo traz a promessa de justiça e paz para aqueles que salva. Esse chamado de Isaías ecoa em Jesus (Mc 10,35-45) que lembra a Tiago e João que a verdadeira grandeza vem do serviço. Em vez de buscar posições de destaque, Jesus nos ensina que o caminho do discípulo é o da humildade e do serviço ao próximo. Ele mesmo afirmou: “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

No mês missionário, esse tema se torna ainda mais vivo e atual. Quando pensamos na missão, muitas vezes imaginamos algo distante — talvez um missionário em terras longínquas, em meio a pessoas que nunca ouviram falar de Cristo. Mas a missão começa em nossa própria vida, em nossos lares, trabalhos e comunidades. Ela começa quando olhamos ao nosso redor, vemos a necessidade dos outros e decidimos agir de forma desinteressada e com amor.

Paulo, na Carta aos Hebreus (Hb 4,14-16), nos lembra que temos um Sumo Sacerdote, Jesus, que compreende nossas fraquezas, porque Ele mesmo experimentou a dor e a provação. Ele se coloca ao nosso lado em nossos momentos de sofrimento e, mais do que isso, nos fortalece e nos encoraja a agir com compaixão. Quando estamos cansados ou desanimados, Ele é o apoio em quem podemos confiar, nos chamando a nos aproximarmos de Seu trono de graça com confiança.

O que significa, então, ser missionário na prática, em nossa realidade cotidiana?

Talvez signifique ouvir alguém que precisa desabafar, dar um pouco de nosso tempo para ajudar quem está passando por dificuldades ou simplesmente oferecer um sorriso a alguém que se sente invisível. Assim como Jesus nos ensina que “quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos”, Ele nos desafia a nos colocar a serviço de forma concreta e presente.

O salmo 32 nos recorda que a graça de Deus está conosco, e essa graça nos motiva a seguir o caminho do justo. A missão é, antes de tudo, um ato de amor, um reflexo da bondade de Deus em nossas vidas. Como membros da Igreja, somos chamados a ser agentes dessa graça, pessoas que levam esperança e misericórdia aos outros. Que possamos, inspirados pelo exemplo de Cristo, oferecer nossas vidas em favor de algo maior, estendendo o amor de Deus a todos que encontrarmos, sendo instrumentos de Sua paz e presença.

O último domingo do mês, 30º domingo do tempo comum, enfatiza a importância de reconhecer as necessidades ao nosso redor e a responsabilidade de agir como instrumentos de cura e compaixão, seguindo o exemplo de Bartimeu e do amor de Cristo. Na primeira leitura, do Livro do Profeta Jeremias (Jr 31,7-9), o Senhor nos exorta a exultar de alegria e a aclamar por Seu povo. Ele promete reunir os que estão dispersos, trazendo esperança a um Israel ferido e sofrido. “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes.” Essa descrição é emblemática e ressoa em nosso contexto atual. Quantas pessoas, hoje, se sentem cegas diante das dificuldades da vida? Quantas se sentem aleijadas pela dor e pelo sofrimento?

A palavra de Deus nos assegura que Ele não apenas os vê, mas que também se coloca como um pai amoroso que cuida e conduz. Ele os leva por um caminho reto, sem tropeços. Aqui, somos chamados a reconhecer que, como comunidade de fé, temos a missão de ser esse instrumento de Deus para aqueles que estão perdidos ou em sofrimento.

Devemos ser as mãos e os pés de Cristo no mundo, ajudando a aliviar o sofrimento dos que estão à nossa volta. Em nossas vidas, podemos ser a luz que guia os que estão nas trevas, assim como Jesus fez com Bartimeu.

A segunda leitura, da Carta aos Hebreus (5,1-6), Paulo nos fala sobre a compaixão que o sumo sacerdote deve ter. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, nos entende e se importa com nossas fraquezas e dores. Ele não só compreende nossas lutas, mas também se sacrifica por nós. Esse sacrifício nos chama a um olhar mais profundo para aqueles que estão em dificuldade ao nosso redor. Assim como Jesus nos acolhe em nossa fragilidade, somos chamados a acolher os que estão em necessidade.

E, por fim, o Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52) nos traz a história tocante de Bartimeu, o cego mendigo. Ele, ao ouvir que Jesus passava, clama por ajuda, mesmo quando muitos tentam silenciá-lo. Ele não se deixa abater e continua gritando, demonstrando sua fé e determinação. Jesus o ouve, o chama e o cura. A fé de Bartimeu é um exemplo para todos nós: em um mundo que muitas vezes tenta nos calar, somos chamados a clamar por Jesus, a não desistir da esperança, mesmo diante das adversidades.

Neste mês missionário, vamos refletir sobre como podemos nos tornar vozes para os que não têm voz, como podemos ajudar a restaurar a visão daqueles que se sentem perdidos, e como podemos ser portadores da misericórdia de Deus no mundo. Não tenhamos medo de gritar a Jesus   em busca de ajuda e força para nossa missão, e não deixemos que as vozes que nos desencorajam nos calem.

Que este mês seja uma oportunidade de renovação de nossa fé e de nosso compromisso missionário. Que possamos levar a luz de Cristo a todos os cantos, especialmente aos que mais precisam, e que, assim como Bartimeu, possamos seguir Jesus pelo caminho, transformados pela Sua graça.

Que cada um de nós encontre a coragem de viver o amor que transforma, e que possamos espalhar esse amor a todos que encontrarmos em nossa caminhada. Que as palavras de Cristo nos inspirem a sermos verdadeiros missionários, refletindo a luz de Deus em todos os cantos, especialmente aos que mais precisam. Amém

                                                                                                                                                                      artigo por: Diego Bello Doze

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