Por Moacir Beggo
Vaticano – Como tem acontecido nos últimos domingos, quando o Papa Francisco celebra Missa na Praça São Pedro, a cidade de Roma para. Neste domingo (16/6), a celebração era especial por ocasião do Dia do Evangelho da Vida (Evangelium Vitae) no Ano da Fé. Embora ainda seja primavera, o sol forte elevou a temperatura a 32 graus, mas para o povo que quer ver o Papa Francisco, quem sabe até ganhar uma bênção ou um sorriso, isso não foi problema. Já às 6 horas – a Santa Missa começaria às 10h30 –, os fiéis começavam a ocupar as primeiras cadeiras mais próximas do altar central.
Às 9h30, solenemente os sinos da Basílica São Pedro deram o tom do domingo solene. Não demorou muito, às 10 horas, o Papa entrou na praça com o papa-móvel, causando uma comoção em todos (veja o depoimento ao lado).
Às 10h30 tinha início a Santa Missa, que desde o sábado vinha sendo preparada com várias celebrações e uma procissão de velas pela Via da Conciliação, culminando com a vigília na Praça São Pedro.
A Missa foi celebrada em várias línguas para contemplar os fiéis de várias partes do mundo.
Na sua homilia, o Papa destacou o belo nome da celebração, o “Evangelho da Vida”. E disse que, com esta Eucaristia no Ano da Fé, queremos agradecer ao Senhor pelo dom da vida, em todas as suas manifestações, e ao mesmo tempo queremos anunciar o Evangelho da Vida.
Partindo depois das leituras deste 11º domingo do Tempo Comum, o Papa propôs três pontos de meditação: primeiro a Bíblia que nos revela o Deus Vivo, Vida e fonte da vida; depois Jesus Cristo, que dá a vida e o Espírito Santo que nos mantém na vida; e, em terceiro lugar, seguir o caminho de Deus que leva à vida, enquanto que os ídolos levam à morte.
“A Bíblia mostra-nos o drama humano em toda a sua realidade, o bem e o mal, as paixões, o pecado e as suas consequências. Quando o homem quer afirmar-se a si mesmo, fechando-se no seu egoísmo e colocando-se no lugar de Deus, acaba por semear a morte. Exemplo disto mesmo é o adultério do rei Davi. E o egoísmo leva à mentira, pela qual se procura enganar a si mesmo e ao próximo”, disse o Papa, mostrando que a Deus não se pode enganar . “Ele é misericordioso e perdoa sempre a quem, como o rei David, compreende que pecou e pede perdão”.
Para o Papa, a Escritura nos lembra que Deus é o Vivente, aquele que dá a vida e indica o caminho da vida plena. “Penso no início do Livro do Gênesis: Deus plasma o homem com o pó da terra, insufla nas suas narinas um sopro de vida e o homem torna-se um ser vivente. Deus é a fonte da vida; é devido ao seu sopro que o homem tem vida, e é o seu sopro que sustenta o caminho da nossa existência terrena”, explicou.
O Papa Francisco recordou ainda os Dez Mandamentos: uma estrada que Deus nos indica para uma vida verdadeiramente livre, para uma vida plena; não são um hino ao «não», mas ao «sim» dito a Deus, ao Amor, à vida. “Queridos amigos, a nossa vida só é plena em Deus. Ele é o Vivente!”, disse
Depois, o Papa Francisco passou para o segundo ponto: “Jesus é a encarnação do Deus Vivo. Aquele que traz a vida fazendo frente às obra de morte, ao pecado, ao egoísmo, ao fechamento em si mesmo. Jesus acolhe, ama, levanta, encoraja, perdoa e dá novamente a força de caminhar, devolve a vida. Ao longo do Evangelho, vemos como Jesus, por gestos e palavras, traz a vida de Deus que transforma”, ensinou.
Citando o Evangelho, em que Jesus se deixa tocar por uma pecadora e até lhe perdoa os pecados, escandalizando deste modo os presentes, o Papa reforçou que por gestos e palavras Jesus traz a vida de Deus que transforma. “Tal como o apóstolo Paulo, essa mulher sentindo-se compreendida, amada e acolhida por Jesus, responde com um gesto de amor, deixa-se tocar pela misericórdia e obtém o perdão, começando uma nova vida”
E falou com a multidão para repetir a frase: “Deus, o Vivente, é misericordioso”. E pediu mais uma vez: “Deus, o Vivente, é misericordioso!”
Segundo o Papa, quem nos introduz nesta vida nova que vem de Deus é o Espírito Santo, dom de Cristo ressuscitado. “É Ele que nos introduz na vida divina como verdadeiros filhos de Deus, como filhos no Filho Unigênito, Jesus Cristo. Mas estamos abertos ao Espírito Santo? Deixamo-nos guiar por Ele?”, perguntou o Papa.
Para o Pontífice, o cristão é um homem espiritual, mas isto não significa que seja uma pessoa que vive nas nuvens, fora da realidade (como se fosse um fantasma), não! “O cristão é uma pessoa que se esforça e age de acordo com Deus no dia a dia, uma pessoa que deixa que a sua vida seja animada, nutrida pelo Espírito Santo, para ser plena, vida de verdadeiros filhos. E isto significa realismo e fecundidade. Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo é realista, sabe medir e avaliar a realidade, e também é fecundo. A sua vida gera vida ao se redor”, acrescentou.
O Papa Francisco, contudo, disse que muitas vezes o homem não escolhe a vida, não acolhe o «Evangelho da vida», mas deixa-se guiar por ideologias e lógicas que põem obstáculos à vida, que não a respeitam, porque são ditadas pelo egoísmo, o interesse pessoal, o lucro, o poder, o prazer, e não pelo amor, a busca do bem do outro: “É a persistente ilusão de querer construir a cidade do homem sem Deus, sem a vida e o amor de Deus: uma nova Torre de Babel; é pensar que a rejeição de Deus, da mensagem de Cristo, do Evangelho da vida leve à liberdade, à plena realização do homem. Resultado: o Deus Vivo acaba substituído por ídolos humanos e passageiros, que oferecem o arrebatamento de um momento de liberdade, mas no fim são portadores de novas escravidões e de morte”.
E concluiu: “Amados irmãos e irmãs, consideremos Deus como o Deus da vida, consideremos a sua lei, a mensagem do Evangelho como um caminho de liberdade e vida. O Deus Vivo faz-nos livres! Digamos, sim, ao amor e não ao egoísmo, digamos sim à vida e não à morte, digamos sim à liberdade e não à escravidão dos numerosos ídolos do nosso tempo; numa palavra, digamos sim a Deus, que é amor, vida e liberdade, e jamais desilude”.
Depois da comunhão, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Arcebispo Rino Fisichella, afirmou o no Ano da Fé era importante como momento de reflexão e de oração e que fosse dedicado àqueles que são testemunhas do “Evangelium vitae”. Segundo ele, a sua paixão cotidiana mostra com evidência o compromisso pela plena promoção da vida humana e pela sua defesa.
Na oração do Angelus, no final da celebração, o Papa recordou que na cidade de Carpi, neste sábado, foi proclamado Beato o jornalista Odoardo Focherini, esposo e pai de sete filhos. Ele foi capturado, encarcerado por causa de sua fé católica, e morreu no campo de concentração de Hersbruck, em 1944, aos 37 anos. “Salvou muitos hebreus da perseguição nazista. Junto com a Igreja presente em Carpi, demos graças a Deus por essa testemunha do Evangelho da Vida!”, pediu.
O Papa Francisco saudou ainda os numerosos participantes do encontro de motociclistas Harley-Davidson, que celebraram 110 anos de fundação da empresa norte-americana. O grupo de motociclistas deu de presente ao Papa duas motos “Harley Davidson”, que serão utilizadas pela segurança do Vaticano.
Fonte: franciscanos.org.br