29 setembro 2024
Na noite do último domingo do mês de setembro, nossa Paróquia se reuniu em grande número para a missa de abertura das festividades de São Francisco de Assis, que foi presidida pelo Ministro Provincial, Frei Paulo, OFM, marcando o início de um período de celebrações e reflexões acerca do legado de um dos santos mais amados da Igreja. Com o tema “São Francisco, o amor deixa marcas”, a celebração foi um verdadeiro testemunho de fé, especialmente neste ano, em que celebramos os 800 anos da impressão das chagas de São Francisco, sinal de sua profunda identificação com Cristo.
A partir de um trecho da primeira leitura, “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta!”, Frei Paulo nos lembro que o desejo de Moisés é de sermos um povo imbuído do Espírito, capaz de falar e agir em nome de Deus. Citando a Regra escrita por São Francisco, o frade recordou que o santo não teve medo de sair de sua zona de conforto, e buscou ver o Espírito Santo agindo em cada pessoa, especialmente nas que estavam à margem da sociedade. Esse também é nosso desafio: sermos profetas e profetizas do amor.
O Ministro Provincial lembrou ainda que o salmo cantado nesta noite afirmava que a “lei do Senhor é perfeita, alegria ao coração”. Francisco encontrou nessa alegria a força para viver com radicalidade. E nós? Onde encontramos nossa alegria? Muitas vezes, a vida contemporânea nos empurra para o acúmulo de bens e a busca incessante por status. Mas a verdadeira felicidade está em nossas relações e na maneira como tratamos os outros. Em momentos de crise, como a que muitos enfrentam hoje, somos desafiados a resgatar essa alegria do amor e da fraternidade.
Frei Paulo, de modo muito firme, apontou as palavras dura do evangelho que, muitas vezes, nós, cristãos, não queremos ouvir. Jesus nos exortou a uma escolha radical: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a!”. Essas palavras nos mostram a seriedade com que devemos lidar com tudo aquilo que nos afasta de Deus. Francisco fez essa escolha. Ele cortou de sua vida tudo o que o distanciava de viver plenamente o Evangelho. No nosso cotidiano, isso pode significar deixar de lado hábitos que nos afastam do amor, como a crítica fácil, o egoísmo ou a apatia diante do sofrimento do próximo.
Jesus também nos lembra que “quem não é contra nós é a nosso favor”. Essa frase nos desafia a olhar para além de nossas divisões e encontrar o que nos une. Em tempos de polarização, como os que vivemos, como podemos ser agentes de reconciliação? Ao praticar a escuta ativa e o respeito, mesmo com aqueles que pensam diferente, podemos deixar marcas de paz.
Falando sobre o mês da Bíblia, o frade recordou que somos chamados a acolher a Palavra de Deus em nossas vidas, como São Francisco fez. E fez um grande pedido para que ela transforme nossos corações, nos faça profetas da paz e do amor em um mundo marcado por divisões e injustiças. Que, a exemplo de Francisco, possamos deixar que o amor de Deus marque nossas vidas, nossas ações, nossas relações, e, assim, possamos marcar o mundo com o testemunho de Jesus Cristo.
Ao final da celebração, uma procissão percorreu algumas ruas no entorno da paróquia, sendo um momento de grande emoção e devoção. Fiéis carregavam velas acesas seguindo o Crucifixo de São Damião e a imagem de São Francisco, recitando orações e entoando cânticos, expressando o compromisso de viver o amor, assim como o santo de Assis fez.
A procissão foi uma demonstração clara de fé e esperança. Francisco nos ensina a viver o Evangelho de forma radical, servindo ao próximo com simplicidade e compaixão. Hoje, mostramos que estamos dispostos a seguir seu exemplo. A caminhada, como há muito não se via, foi marcada pela grande participação de famílias, idosos, jovens e crianças, foi vista como um compromisso renovado com o ensinamento de Francisco: amar a Deus e aos outros sem medida. O evento destacou a importância de viver o Evangelho de maneira concreta, cultivando a paz e a reconciliação em um mundo marcado por conflitos. Ao longo da caminhada, também rezamos e abençoamos os doentes nos hospitais e as famílias.
As festividades de São Francisco continuarão ao longo da semana, com as missas do tríduo (de segunda a quarta-feira), sempre às 18h30, a celebração do trânsito (quinta-feira), também às 18h30, culminando com a grande festa no próximo dia 04. Serão dias de oração e reflexão para nos recordar a caridade, a justiça social e o cuidado com a criação, temas centrais na vida de Francisco. Esse momento representa não só uma celebração religiosa, mas um convite a transformar a fé em gestos concretos de amor ao próximo.